terça-feira, 26 de julho de 2016

Recursos para professores de Língua Portuguesa

Variações linguísticas

"O trabalho com as variações linguísticas é relevante e indispensável, pois a identidade cultural do Brasil é formada por essa realidade. Nesse sentido, as práticas de leitura e escrita desenvolvidas na escola precisam assumir uma configuração para combater o preconceito veiculado no ambiente escolar e na sociedade, visando à democratização do saber".
MONTEIRO, Maria Iolanda. Alfabetização e letramento na fase inicial da escolarização. São Carlos: EdUFSCar, 2010. 117 p. -- (Coleção UAB-UFSCar).
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Texto:
O desafio de ensinar a língua para todos

A polêmica sobre o "falar popular" revela a necessidade de dialogar com os alunos não familiarizados com a norma-padrão

Rodrigo Ratier
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Escrever é diferente de falar
- Qué apanhá sordado?
- O quê?
- Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada.
É óbvio: o célebre poema O Capoeira, de Oswald de Andrade (1890-1954), está quase integralmente em desacordo com a norma-padrão da Língua Portuguesa. Isso não impede, entretanto, que Pau Brasil, o livro de 1925 em que o texto está incluído, seja estudado nas escolas e frequente as listas de leitura obrigatória das mais concorridas universidades do país.
Do regionalismo de Jorge Amado à prosa contemporânea da literatura marginal, passando pelo modernismo de Mário de Andrade e Guimarães Rosa, refletir sobre as variedades populares da língua, típicas da fala, tem sido uma maneira eficaz de levar os alunos a compreender as formas de expressão de diferentes grupos sociais, a diversidade linguística de nosso país e a constatação de que a língua é dinâmica e se reinventa dia a dia.
A discussão, porém, tomou um caminho diferente no caso do livro Por Uma Vida Melhor, volume de Língua Portuguesa destinado às séries finais na Educação de Jovens e Adultos (EJA). Um excerto do capítulo "Escrever É Diferente de Falar" foi entendido como uma defesa do "falar errado". Muitas pessoas expressaram o temor de que isso representasse uma tentativa de desqualificar o ensino das regras gramaticais e ortográficas que regem a Língua Portuguesa. De fato, não se pode discutir que o papel da escola é (e deve continuar sendo) ensinar a norma culta da língua.
Conhecer e dominar a comunicação segundo o padrão formal representa, sem dúvida, um caminho poderoso para a ascensão econômica e social de indivíduos e grupos. Acima de tudo, é uma das maneiras mais eficazes por meio das quais a escola realiza a inclusão social: permitir o acesso a jornais, revistas e livros é abrir as portas para todo o conhecimento científico e filosófico que a humanidade acumulou desde que a escrita foi inventada.
Mas, afinal, do ponto de vista da prática pedagógica, está correto contemplar nas aulas a reflexão sobre as variantes populares da língua? A resposta é sim. A questão ganhou relevância com a universalização do ensino nas três últimas décadas. Com a democratização do acesso à Educação, a escola passou a receber populações não familiarizadas com a norma-padrão. Nesse percurso, surgiu a tese de que falar "errado" representava um impedimento para aprender a escrever "certo". Pesquisas na área de didática mostraram exatamente o contrário: o contato com a norma culta da escrita impacta a oralidade. Ao escrever do jeito previsto pelas gramáticas, o aluno tende a incorporar à fala as estruturas e expressões que aprendeu.
Contemplar as variantes da língua exige preparo docente
Não custa enfatizar, entretanto, que o respeito às variedades linguísticas por meio das quais os estudantes se expressam ao chegar à escola não significa que o professor deva abrir mão do ensino da norma culta. Ao contrário. O que se pretende é que a reflexão sobre as relações entre oralidade e escrita leve os estudantes a compreender a linguagem como uma atividade discursiva. Ou seja, um processo de interação verbal por meio do qual as pessoas se comunicam.
Pensar a fala e a escrita como discurso não é pouca coisa: exige competência para planejar a expressão de acordo com o lugar em que ela vai circular (uma conferência acadêmica? Uma conversa no jantar?), levando em conta seus interlocutores (uma autoridade? Um grupo de amigos?) e a finalidade da comunicação (expor um argumento? Relembrar uma lista de compras?). Dessa perspectiva, os gêneros escritos continuam com espaço cativo. A diferença (para melhor) é que você, professor, deve ocupar-se também das situações formais de uso da linguagem oral (seminários, entrevistas, apresentações etc.), igualmente fundamentais para o exercício da cidadania.
Cabe lembrar, ainda, que valorizar os modos de expressão coloquiais é uma opção especialmente válida na EJA. As experiências indicam com clareza que iniciar o trabalho mostrando a utilidade daquilo que os estudantes conhecem é um dos pontos de partida mais eficazes para mobilizar o público dessa etapa de ensino - adolescentes e adultos com trajetórias escolares marcadas pela falta de oportunidades, o abandono e a multirrepetência, vários empurrados para fora das salas por um ensino excessivamente apegado à repetição de nomenclaturas e à memorização de regras estruturais.
Por trás da crítica ao diálogo da escola com os saberes populares está a defesa, muitas vezes inadvertida, de um sistema educacional campeão em evasão, reprovação e analfabetismo funcional. Como o que construímos até hoje.


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Videos - Exemplos de variação linguística que podem aparecer no contexto da sala de aula. 
Chico Bento - Na roça é diferente

Variações Linguísticas Regionais

Norma culta e variedade linguística - As diferenças entre norma culta e a língua coloquial, que são o tema deste programa, foram o pivô de uma controvérsia que ocupou jornais, revistas e a televisão em maio de dois mil e onze. Jornalistas acusaram o governo de recomendar um livro didático que ensinava jovens e adultos a falar errado. Você vai ver as opiniões de lingüistas e educadores sobre este assunto e como a escola pode lidar com as variedades lingüísticas.

Aula para trabalhar Variações linguísticas (Recomendo!)
1 - Variação Linguística - que preconceito é esse?
Autora: Keila Vieira de Lima
2 - O caipira, seu falar e seus costumes: um estudo sobre variação e preconceito linguísticos
Autor: Thiago Madeira Franca
Disponível emhttp://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=20761
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Revista de variações linguísticas
Apresenta um mapa com as variações linguísticas de cada estado do nosso país.

Autora: MONTEIRO, Maria Iolanda.
Disponível em: http://audiovisual.uab.ufscar.br/pe/maria_iolanda/va_pe_maria_iolanda_mapa.swf

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Vídeo da música "Língua", de Caetano Veloso. A música é uma deliciosa brincadeira, com a nossa tão amada Língua Portuguesa.
https://youtu.be/fsqoCBfucYo